-
Publicado em 06/10/2023 às 08:58
-
Ação junto à comunidade Remanescente de quilombola Maria Rosalina em Araranguá
Publicado em 02/10/2023 às 20:45Ação junto a comunidade Remanescente de Quilombola Maria Rosalina em Araranguá/SC
manifesto
Nota da comunidade:
A ASSOCIAÇÃO DE REMANESCENTES QUILOMBOLAS MARIA E ROSALINA, representando mais de cem famílias da Villa Samaria, gostaria de expressar sua profunda preocupação e solicitar apoio da comunidade de Araranguá.
Araranguá é também um território de raízes negras, e os membros da comunidade do Quilombo Maria e Rosalina têm contribuído diariamente para o crescimento desta cidade.
Estamos indignados com a crescente desigualdade social que afeta nosso povo, especialmente os trabalhadores e trabalhadoras pobres que não têm acesso às condições mínimas necessárias para o bem-estar que todos merecem.
Recentemente, sofremos cortes de energia elétrica em nossa comunidade, o que evidencia que nossas vozes nem sequer estão sendo ouvidas pelas autoridades municipais. Compreendemos que pode haver irregularidades nas ligações elétricas, mas como podemos nos adequar às normas da CELESC em meio à miséria e à pobreza?
O desemprego e a pandemia que afetaram nosso país nos últimos anos foram ainda mais devastadores para as populações carentes. O que justifica a invasão, a pressão, a humilhação e a revista que sofremos?
Lamentavelmente, uma das nossas mais velhas, Maria Doraci Espíndola quilombola de 75 anos, faleceu enquanto estava acamada devido a uma cirurgia na perna. O barulho dos helicópteros a fez temer pela prisão de seu filho, levando-a a sofrer um infarto.
Apelamos às instituições públicas que, a partir de hoje, reconheçam nossa existência. Somos trabalhadores e trabalhadoras, somos Maria e Rosalina, somos mães e pais de família e somos descendentes dos fundadores deste lugar.
Solicitamos respeito e a implementação de políticas públicas que atendam às nossas necessidades. Exigimos o restabelecimento imediato do fornecimento de energia elétrica. O acesso à eletricidade e à água são direitos fundamentais e básicos que merecemos.
Sabemos que, por meio de uma colaboração interinstitucional e com a participação ativa dos moradores, é possível encontrar uma solução para o problema de energia elétrica em nossa comunidade. Pedimos solidariedade e apoio da sociedade de Araranguá para enfrentar essa situação juntos.
No dia 15/09/2023 a comunidade fez uma movimentação pacífica em prol da comunidade e pelo reconhecimento de seu território como quilombo urbano e conta o descaso do poder público:
Os moradores da comunidade protestaram contra o corte de energia na comunidade e a falta de políticas pública na comunidade e contou com lideranças do Movimento Negro Unificado de SC.
Ao pedir uma reunião com o prefeito do município na prefeitura de Araranguá, teve como primeira resposta da prefeitura a equipe da polícia militar acionada para acompanhar as ações. Após a manifestação pacífica o prefeito aceitou conversar com as lideranças da comunidade.
O prefeito apresentou uma proposta de ação na comunidade com a doação de postes elétricos para regularização da situação de energia na comunidade. Atualizaremos os demais acontecimento na comunidade! Siga a comunidade no instagram!
-
Nota de repúdio
Publicado em 11/05/2022 às 09:45O NEABI- NÚCLEO DE ESTUDOS E PESQUISAS AFRO-LATINOAMERICANOS, DOS POVOS ORIGINÁRIOS E QUILOMBOLAS / NEABI- ARA vem publicamente pronunciar-se sobre a ocorrência de situação vexatória a que foram expostos um estudante indígena e um outro discente, ambos, do curso de medicina ocorrido no dia 06/05/2022, às 11h no auditório no prédio Jardim das Avenidas, campus Araranguá.
Nos manifestamos contra quaisquer atitudes vexatórias e/ou racistas que exponham qualquer pessoa, por sua origem, raça, etnia, gênero, classe social ou deficiência.
Não é regrado institucionalmente a obrigatoriedade de sentar-se nos eventos institucionais ou extrainstitucionais que ocorram no campus, sendo assim, torna-se atitude arbitrária a imposição para tal.
O comportamento apresentado pelo grande grupo e pela repercussão enfatizada e direcionada ao discente indígena, mostra que a agressão tem corpo socialmente marginalizado que se direciona ao silenciamento e o desejo de subserviência e/ou recusa das formas de manifestações. Onde a retaliação por se manifestar sobre o direito de não sentar foi recebida pelo grande grupo como uma afronta à referida docente, ao contrário da postura de outra discente que ocupa o cargo de representante estudantil totalmente ignorado e tão pouco repudiado.
Destaca-se que a postura autoritária de uma representante do CALMED foi totalmente ignorada por esse mesmo grande grupo. Isso enfatiza que alguns corpos têm o direito de se impor mesmo que seja da forma errônea e autoritária, sendo sua postura socialmente aceita, em detrimento de outro que não foi garantido o direito mínimo de escolher ficar em pé ou sentado.
Segundo o estudioso Silvio Almeida:
“A ênfase da análise estrutural do racismo não exclui os sujeitos
racializados, mas os concebe como parte integrante e ativa de um
sistema que, ao mesmo tempo que torna possíveis suas ações, é por eles
criado e recriado a todo momento. O propósito desse olhar mais
complexo é afastar análises superficiais ou reducionistas sobre a
questão racial que, além de não contribuírem para o entendimento do
problema, dificultam muito o combate ao racismo. Como ensina
Anthony Giddens, a estrutura “é viabilizadora, não apenas restritora”,
o que torna possível que as ações repetidas de muitos indivíduos
transformem as estruturas sociais.”(almeida, 2019)
Prezada direção do Centro acadêmico do curso de medicina,Em sua nota de pedido de desculpas, nos mostra mais uma vez que a atitude tomada por um representante da categoria estudantil é de não assumir seus atos. Não foi um erro de interpretação, foi a expressão do autoritarismo por parte desta representação estudantil.
Ressaltamos que os discentes em tela, são em sua maioria acadêmicos do curso de medicina, e nos cabe questionar, que formação médica nós estamos construindo no curso? Para nos ajudar a refletir:
“O desafio de transformar o ensino médico em um ambiente antirracista está posto desde 2009 com o lançamento da PNSIPN e reforçado em 2014 pelas DCN. Após 11 anos da política, a pandemia de Covid-19 reforça a existência do racismo institucional na saúde e os danos provocados por ele, convocando mais uma vez os profissionais de saúde e escolas médicas a refletir sobre seu papel no combate ao racismo estrutural na sociedade ou na reprodução dele. Por um lado, mudanças são processos sempre difíceis que exigem comprometimento, autoconhecimento, reconhecimento de limitações e enfrentamento de dificuldades. Por outro lado, também é difícil para a população negra viver em um país que insiste em negar o racismo como fator que impacta o processo de saúde e adoecimento, ainda que este esteja provocando a morte de vidas negras cotidianamente. É de cada profissional de saúde, de cada IES e de cada entidade médica a decisão diária de silenciar e reproduzir ou de ativamente se implicar no combate ao racismo na saúde e em todas as esferas sociais.”(ENSAIO • Rev. bras. educ. med. 44 (Suppl 01) • 2020)
Queremos uma universidade verdadeiramente inclusiva, diversa e respeitosa com as diferenças. “Não basta não ser racista, precisamos ser antirracistas.”Fonte:
https://blogs.uninassau.edu.br/sites/blogs.uninassau.edu.br/files/anexo/racismo_estrutural_feminismos_-_silvio_luiz_de_almeida.pdf
https://www.scielo.br/j/rbem/a/WXBd8cr76HZw9MhrcYNwMtP/?lang=pt
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2010/lei/l12288.htm
-
Nota de Repúdio – Justiça por Moïse, justiça para o povo negro!
Publicado em 10/02/2022 às 15:22O NEABI-UFSC-Araranguá, junto aos coletivos Ilera e Muneara repudiam o ato brutal que resultou no assassinato de Moïse Kabamge na cidade do Rio de Janeiro. A morte desse irmão evidencia a expressão mais violenta do racismo e da xenofobia em nosso país e por isso deve ser fruto de reflexão, alerta e motivação para o posicionamentos antirracistas. O Brasil é líder em assassinatos por ódio, racismo, machismo, entre outras expressões do fascismo que estão destruindo o futuro de milhares de pessoas. As operações policiais nos bairros pobres, cotidianamente, são operações de morte. Não bastasse isso, vemos trabalhadores matando trabalhadores, enquanto os patrões comemoram os lucros.
Justiça por Moïse, justiça para o povo negro!
Basta de crimes de racismo!
Comentários