ÌLERA – grupo de pesquisa e extensão antirracista em saúde
Ílera, do yorubá, significa saúde em sua ampla definição, uma vida boa em harmonia com a natureza, gozar de vigor físico e boa saúde mental, é também uma saudação entre os nativos deste idioma. Há quase 500 anos, quando os povos africanos escravizados aportaram forçadamente por essas terras, trouxeram consigo histórias, vivências e culturas. Estima-se que no Brasil tenham chegado de maneira forçosa e violenta quase 2 milhões de africanos. Nosso país, do ponto de vista sociológico, é, portanto, resultado deste processo social que constituiu nossa identidade nacional, sendo grande parte da nossa população ancestral advinda da diáspora. A Política Nacional de Saúde Integral da População Negra (PNSIPN) é um compromisso firmado pelo Ministério da Saúde no combate às desigualdades no Sistema Único de Saúde (SUS) e na promoção da saúde da população negra de forma integral, considerando que as iniquidades em saúde são resultados de injustos processos socioeconômicos e culturais – em destaque, o vigente racismo – que corroboram com a morbimortalidade das populações negras brasileiras. Tal política adota o caminho da promoção da saúde como diferencial, como linha de ruptura com a lógica biomédica atual, proibicionista, medicalizante e mercantilizada. Na atenção básica o desafio pode ser expresso em números. De acordo com dados do IBGE e do IPEA (2016), 68% dos usuários do SUS, são pertencentes ao grupo racial negro, constituídos por pretos e pardos. São também esses os grupos sociais mais pobres e dependentes dos serviços de saúde pública, chamados de SUS-dependentes. A promoção da saúde nesse contexto tem sido levada adiante por equipes de saúde comprometidas com essa grande tarefa nacional de promover a saúde em tempos de crise do capital. Nesse contexto a promoção da saúde é constituída por linhas importantes de intervenção. O SUS, como um sistema em constante processo de aperfeiçoamento, na implantação e implementação do Pacto pela Saúde, instituído por meio da Portaria n° 399, de 22 de fevereiro de 2006, compromete-se com o combate às iniquidades de ordem socioeconômica e cultural que atingem a população negra brasileira (BRASIL, 2006). Podemos compreender essas políticas de saúde como redes que se entrecruzam com a função de promover a saúde integral por meio da cidadania e solidariedade. Este projeto de extensão propõe-se a uma nova etapa, a saber, a interlocução e construção coletiva junto à Comunidade Quilombola Maria e Rosalina.
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